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Fode Fode Patife

Fode Fode Patife

Retiro Sexual

30.09.23

Fizeram o Patife acreditar que tinha um problema. Eu bem que mudei 11 vezes de terapeuta para me arranjarem uma solução diferente, ou mesmo que me dissessem que o Patife não tem problema nenhum, e que o apetite voraz associado à sensibilidade de gnu, com umas salpicadelas de fantasia erótica, de imaginação hedónica, e de perversão exótica, é sinal de uma mente sã em falo são. Em jeito de rodapé, ouso pensar que a terapeuta, qualquer uma das 11, ou as 11 em uníssono, ainda diria que me devia tornar num guru do desejo. Mas não. Em vez de acertarem no diagnóstico, enviaram-me para um retiro espiritual de conexão com as emoções, para proporcionar uma profunda libertação, e fazer uma incursão no meu mundo interno, com uma perspetiva de observação, de compaixão e de aceitação das tuas fragilidades e forças emocionais, bem como de acolhimento do meu Eu Interior.

Durante o retiro de 3 meses, nem pensar em pinar e focar nas putas das emoções do Eu interior. Belo serviço. No final, como na escolinha primária, não poderia faltar uma composiçãozinha de descoberta, para terminar o curso. Como sempre fui bom aluno e queria ser o melhor da turma, eis o que saiu:

"As emoções não entravam nas minhas contas, nas minhas conas, nas manhas e desejos ardentes de luxúria. Seriam sempre um empecilho, um tiro no escuro, algo que se esconde dos outros. Mantidas em segredo, mesmo sem haver algo a revelar, o segredo como um preciosismo de um coração de pano, controlado por um conjunto de cordas amargas.

Absorvo o momento, não esquecendo de gemer, de desejo, de saudade, do cheiro a chona molhada palpitante de prazer. Não há diluente que dissolva as nódoas, nem tempo que lave as mágoas. Somente no enjeito de quem ainda acredita na esperança, o amor sempre soube fazer-me a espera à porta, numa tão mais rendida pausa de entrega.

Pinar acontece, por vezes colérico, abrupto e de chofre. Por causa do gancho que lhe prende o cabelo, da sua pele desnuda sob a luz, de uma forma de olhar enigmática, de um cruzar de pernas descuidado, de uma gargalhada elegante e blasé. No fim de uma pinada, quando já nem o corpo carrega a alma, reconfortava-me apenas um toque passageiro, sem expressivos gestos de quem gosta e deseja passar a fronteira a monte sem alertar as agentes alfandegários das emoções.

Sem a mesura de uma emoção, flor agreste de aroma idealista, perco-me na arquitetura de um beijo, na ausência da voz, nos gestos forçados, na existência de outros. É uma morte anunciada, capitulando o seu mais querer ao infortúnio de um homem náufrago de si mesmo. Crispado, rosto cinzelado na rudeza de só saber de si, sem acreditar nessa velha ironia chamada Amor, que toda a gente banaliza a cada esquina do tempo, diminuída a palavra de uso corrente. Por isso é que Pinar acontece, por vezes no hálito de aguardente, entre dentes cerrados e olhos de sangue.

A emoção não passava de um engano, nas teias de um armário mal resolvido, de uma desarrumação esquecida no canto de uma vida já tardia. Seria uma sereia raptada dos mares, acompanhada apenas pelas vagas do pêndulo do relógio de parede. Tic Tac. Tic Tac. Sem sal, com o pó de quem dança por dentro, no ainda palpitar que estremece só de pensar em amar.

Despedaça-se o coração, queimado pela selvajaria do meu entusiasmo, o toque feito lancinante, porque o tesão acontece assim. Não há distância que quebre o desejo, nem memória que a traga de novo a si. Começa a desvanecer-se. A vida esquece-se dele, a lembrança colada ao olhar no vazio, entre os primeiros tons de uma emoção interior, até ao infinito de a querer refém na memória. Apenas porque o amor acontece assim."

E pronto.

Ainda tiveram a ousadia de me pedir para partilhar em voz alta, e no final deu-me um toque no ombro, assim ao jeito de quem diz “bom trabalho, grande evolução”. Saí de lá orgulhoso, com um diploma excepcional de mérito e de dedicação, o mesmo que deveria ter recebido aqui o meu Pacheco assim que saiu do retiro e, sem travões, mas com trovões a ecoarem-lhe mastro acima, logo se enfaixou pachacha adentro na chona da primeira sirigaita de ancas proeminentes que lhe apareceu à frente.

Caça sexual recreativa

29.04.21

Certo dia, uma apareceu-me à porta de casa pelas oito da noite, supostamente “pronta para jantar”. Diz que combinámos há um mês. Como sou daquele tipo de gajo que não se lembra de quem comeu ontem, não estranhei muito o facto de não me lembrar de ter combinado um jantar com esta magana. Não costumo ter por hábito marcar jantares com tanto tempo de antecedência, por isso ainda indaguei: "Tens a certeza que foi para hoje que marcámos? Não estava propriamente a contar com isto hoje...”. Mas ela responde toda empertigada e com uma convicção inaudita: “Tenho, sim! Além disso, já estou aprontada, perfumada e estou com fome. Se não te lembras, agora vais ter de enfiar o barrete.” Pensei em responder-lhe: "Oh filha, mais depressa vou ter de te enfiar o barrote", mas guardei o trocadilho para mais tarde e saímos para jantar. “Onde me vais levar?", pergunta cheia de entusiasmo e esperança de ir a um restaurante digno do seu aprumo visual. Dado que não marquei restaurante, mais depressa a levava para a cama. Mas esta é daquelas que não dá a chona sem ter uma refeição no bucho primeiro. Imagino-a a desabafar com as amigas: “Abri as pernas sim, mas foi depois de um jantar no Palácio Chiado. O que é que eu podia fazer?”. Se não considerasse a prostituição uma espécie de fazer batota no jogo da sedução, saía-me mais barato. Mas jogo com respeito e sem atalhos fáceis nesta maravilhosa aventura da sedução, primando pela arte da caça. Contudo, caço-as mas é pura caça recreativa. Não quero ficar com elas e levá-las para casa. Nem tão pouco exibir a sua pachacha por cima da lareira, como troféu de caça. Depois de caçadas, liberto-as e solto-as de volta para o seu habitat natural de dengosice idealista. E trato-as muito bem. Quando não me pedem que as trate mal. Agora se há coisa que o Patife não faz, é fazer das tipas coração.

Da literatura à dita dura #1

24.04.21

Pedacinhos de literatura que deixam o Patife com a dita dura:

Há duas formas de solidão, não há? Há a solidão do isolamento absoluto, o facto de viver fisicamente só, de trabalhar só, como eu sempre fiz. Não é necessariamente doloroso. Para muitos escritores é até essencial. Outros precisam de um grupo doméstico de servidores femininos para lhes dactilografar os malditos livros e lhes manter os egos bem insuflados. Estar sozinho a maior parte do dia significa que estamos a escutar ritmos diferentes, ritmos que não são determinados pelas outras pessoas. Penso que é melhor assim. Mas há outro tipo de solidão que é terrível de suportar, não há?  – Fez uma pausa. – É a solidão daqueles que vêem um mundo diferente do das outras pessoas. As suas vidas nunca se tocam. Tu consegues ver o abismo e elas não. Tu vives entre elas. Elas caminham sobre a terra. Tu caminhas sobre vidro. Elas encontram segurança na conformidade, em similitudes cuidadosamente construídas. E tu mascaras-te, consciente da tua absoluta diferença.

DUNKER, Patricia - “A sombra de Foucault”.

Salto à minha vara

12.04.21

Desconfio que a suprema e ancestral arte do engate vá viver tempos difíceis. O piropo movimenta-se num campo lexical minado de perigos sociais, capaz de ativar uma explosão a qualquer momento, o galanteio ultrapassa facilmente as fronteiras do razoável, e o mais simples dos elogios tem de saber escolher as palavras cuidadosamente, não vá de repente ser transformado em alguma forma imprópria de assédio sexual. São tempos duros, quase tão duros como o meu Pacheco e obrigam a uma reinvenção na forma de expressar o interesse meramente carnal, como se tal fosse pecado. É nobre ter um interesse genuíno, emocional e intelectual por outra pessoa. Mas o interesse carnal deveria estar revestido da mesma nobreza de valores. Tudo deveria ser válido. Mas os dias que correm anunciam cuidado. Por sorte, sou um gajo que lê muito. Não raras vezes, quando não estou a pinar, estou a ler. Então, para exorcizar este defeito terrível que é gracejar como um alarve, na ténue esperança que a qualidade do humor me salve de ser alvo de um processo de assédio, tive de me readaptar e começar a usar tiradas fantásticas de anos de literatura que me ficaram nos arquivos da memória.
No tempo em que usava o humor directo, tudo era bem percebido: "Este Patife quer pinar. Na verdade, não tenho nada melhor para fazer, por isso vamos a isso!"  Tudo simples. Mas agora, uso pérolas de sabedoria literária que as deixam molhadinhas e com o pipi aos saltos. E não são saltos simples. São saltos dignos de ganhar medalhas olímpicas nas provas de atletismo, nomeadamente as do salto à vara. E eu apresento-me logo para ser usado, caso um qualquer pipi queira triunfar no salto à minha vara. É só chegar, ver e foder. Ou seria. O problema é que digo coisas profundamente sábias, por vezes até sensíveis. Elas adoram. E é aqui, precisamente aqui, que começam todos os equívocos: apaixonam-se. Elas pensam que é por mim, coitadas, o que é o cabo dos caralhos. Mas não é. Não sabem nem sonham, mas na verdade ficam caidinhas pelo Breton, pelo Barthes, pelo Herberto Helder ou pelo Gogol. Pouco importa para o caso. Por mim é que não é. “És tão inteligente”, dizem. Não sou. Tenho é boa memória. Pelo menos para livros. Já quanto a fodas, depois de pinar passaste à história.

Espanca-me (calma, é só poesia)

07.04.21

Há dias em que acordo quase soturno, à beira da melancolia, como que a escutar uma maré interminável de trovoada interior. É nesses dias que me viro para a poesia. E esta manhã acordei a pensar que se o Patife e a Florbela Espanca fossem um só, haviam de se ter espancado com palavras, “ora amargas, ora doces”, digladiando-se para as encaixar num poeminha lindo, cru e honesto que se elevaria nas escadarias da erotização poética nacional. Um poeminha mais ou menos assim:

Pinar

Eu quero pinar, pinar perdidamente!
Pinar só por Pinar, não interessa quem,
Mais esta e aquela, a outra e toda a gente...
Amar o momento e não amar ninguém!

Incrível? Inesquecível? É indiferente!...
Único, deslumbrante? Foi mal? Foi bem?
Quem disser que se pode mamar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma chona nova em cada alvorada,
É preciso cortejar e seguir a estrada,
Pois se me deram um sardão, foi pra pinar.

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite mais uma pinada,
Que me volte a foder, pra voltar a sonhar.

Aguenta, aguenta!

30.03.21

Por vezes, os meus amigos acasalados - faço isto parecer como se fosse uma doença, porque efetivamente, é - ligam-me e procuram auxílio para as suas aflições mais íntimas e profundas, perguntando como é que eu aguento desde o início da pandemia sem sexo. Com isto fico a saber duas coisas: Uma - que não estão a ter sexo em casa. Duas - que não sabem o que fazer com a exposição excessiva a um deserto sexual de aridez extrema. Se fosse um daqueles amigos das frases-feitas-que-fazem-pausa-na-aflição diria certamente outra coisa. Não diria que é efetivamente muito fácil porque vivo sozinho e tenho um síndrome muito particular de hipocondria direcionada para vírus desde que vi o "12 Macacos". Que seria impossível de suportar se estivesse a viver em confinamento com o alvo do meu desejo. Aí o coração deles pára e sentem-se momentaneamente revoltados e injustiçados. Sinto um esgar de “não posso aguentar mais isto!”. Mas depois remato com um sempre pacificador: “Mas que percebo eu de relações? A minha maior relação foi com uma garrafa de Macallan Sherry Oak 25 anos”, e aí as suas expressões apaziguam-se acenando afirmativamente as suas cabecinhas de cordeiros: “Sim, pffff, que percebes tu de relações. Sabes lá tu o que é preciso para aguentar uma relação? Tu não percebes nada disto”. A forma como passei de sábio iluminador digno de ser consultado no início da conversa, para insultado como pulha que não entende a complexidade de uma relação interpessoal de índole amorosa, é estranhamente divertida. Já o uso do verbo “aguentar” uma relação é profundamente revelador. Pelo menos para mim. Depois começam todos altivos a gozar comigo por não pinar desde o início da pandemia, que eles, ainda assim, vão molhando a sopa ocasionalmente na sua digníssima senhora ou no seu honrado mais que tudo. A expressão “molhar a sopa” ajuda a não sentir muita inveja, muito provavelmente porque ainda gosto menos de sopa do que da ideia de sexo conjugal. Bem... juntam-se os dois e só se estraga uma expressão popular. É aqui que tento explicar que com uma imaginação fluída e maleável mais centrada em sexualidade do que em sexo, consigo *aguentar mais uns meses de confinamento sexual e incito-os à devassidão moral do pensamento íntimo com frases de ordem literária: “O exílio do imaginário é uma espécie de longa insónia” e coisas assim, mas sem grande sucesso.
Aqui, já é um uso correto do verbo *aguentar, pois só se aguenta uma situação que tem prazo, ainda que incerto. Certo? Mas na verdade, que percebo eu de relações? A minha maior relação foi com uma elegante e bem torneada garrafa de whisky Macallan Sherry Oak 25 anos, que ainda hoje me deixa de boca aveludada só de me lembrar dela e das épicas pinadas sob a bebedeira singular que só um whisky destes consegue proporcionar.

Sensibilidade de gnu

25.03.21

Há uns anos estive presente num encontro de bloggers numa danceteria, que apenas tinha uma regra: Ninguém revelava a sua identidade de blogger. Sabíamos quem estava lá, mas estávamos a brincar um pouco ao “Quem é Quem?” da vida real. Estava eu encostado ao bar a beber o meu whisky quando uma das participantes se achega de mim e pergunta: "O que estás a beber?" Movimento contínuo, dou um trago no pouco que resta do veneno protoplástico que tenho no copo e respondo: “Agora nada.” Enquanto gajo que tenta promover a igualdade de género, abro sempre a janela para a iniciativa de uma mulher me pagar uma bebida. Não que seja um crava-copos, certamente paguei mais bebidas do que o contrário, mas gosto de criar oportunidades para a igualdade. Esta aproveitou a deixa para se emancipar e pediu duas bebidas. A conversa fluía quase tão bem como o Pacheco costuma fluir traqueias abaixo, até que ela me informa que vai ao quarto de banho. Dado o avançar da hora e da conversa, imagino que tenha ido retocar a maquilhagem da pachacha. Talvez emendar um ou outro detalhe do vajazzling que lhe deve estar a enfeitar o papo de chona, penso eu. O Carnaval social já chegou à patareca, bem sei que eu cá ando atento às modas e tendências pachachais. Nisto, tendo ficado momentaneamente sozinho, uma magana assim daquelas todas ruivas apanha a aberta - uma coisa em que o Patife é especialista, diga-se – senta-se ao meu lado no balcão do bar e diz solenemente: "Eu sei que tu és o Patife." Olho-lhe nos olhos e percebo que ela sabe o que está a dizer e que ela sabe que eu sei que ela sabe o que está a dizer. Há um momento solene, intenso e quase simbiótico, em que tudo o resto parece ficar em câmara lenta, olhos de esperança inflamam-se como se queimassem tudo ao nosso redor, os corpos magnetizam-se, como se eu fosse um íman e ela um frágil metal em dificuldades... até o momento ser quebrado pela verborreia do Patife. Assim que vislumbro a outra a sair da casa de banho e a dirigir-se nós, comento em tom profundamente pomposo e com voz de radiofónica: “Terás de esperar pela tua vez, mas podes vir a ser uma das gajas que o Patife fez.” Não gostou. Percebo que deva ser daquelas que vê novelas portuguesas e tragicomédias românticas americanas ao domingo à tarde no momento em que me atira a bebida à cara antes de me virar costas. A falta de originalidade desmotiva-me a gaita. A outra, que entretanto chega do quarto de banho, assiste a todo o enredo e pensa que o Patife se estava a atirar à ruiva, recriminando o comportamento com a cabeça. Bem sei que as meias-verdades são a moeda comum do pensamento, por isso sei o que ela está a especular e nem tento esboçar uma explicação para ver se dou finalmente uso ao salpicão. É o que se paga por ter uma sensibilidade de gnu, próprio de quem gosta muito de ir ao cu.

A Foda dos Dentes

21.03.21

Não tinha propriamente ar de fada, mas adivinhava-se à distância o mar de foda que aquela pachacha já tinha navegado. Por norma isso não me importa, e naquela noite também não foi diferente. Penso sempre que uma pachacha ginasticada com muitos quilómetros de picha no conta-fodómetro estará mais apta a conseguir acomodar esta pequena monstruosidade que habita entre as minhas pernas e a aguentar uma portentosa tareia de pirilau com um frenético ritmo de bombada. Por isso, foi a pensar exclusivamente em ser aviado por uma glutona da chona que aceitei ir para casa da moça. O problema foi quando se armou em artista do chupanço e quando abre a boca toda, apresenta uma dentição digna de um crocodilo. Qual garganeira do oral, lançou-se ao Pacheco como se não tivesse uma picha na boca há meses. Ou então tinha apenas vício de boca, certo é que me saltou à corneta sem deixar espaço para lhe dizer que não. Que alarve sofreguidão oral. Devia ter percebido no que me estava a meter se a tivesse analisado pelos dentes como se faz aos cavalos. Toma lá que é para aprenderes, Patife. Acabou por ser uma autêntica foda dos dentes, tal a selvajaria do seu entusiasmo. Não teria grande mal se na manhã seguinte acordasse com uma prenda por baixo da almofada. Mas acordei foi com uma fenda por baixo da picha.

Do falo à falácia

18.03.21

Isto de andar sem dar uso ao falo faz-me enervar com coisas de forma algo aleatória. Não é este o caso, porque sabem bem que fico com urticária psicossomática sempre que brincam com a língua portuguesa. Esta semana deparei-me com o uso recorrente do conceito falácia, usado como um mero sinónimo, mais elevado porém, de mentira. Ouvi na televisão por duas vezes, e ontem, em conversa, uma amiga contava-me as zangas com o marido e desbarata: "Ele diz que me ama mas isso é uma falácia”. Três vezes numa semana é o meu limite por isso perguntei meio gozão: “Uma falácia, qual? E de que ordem?”  Ela é de ciências, não sei bem o que fazem as pessoas de ciências, mas certamente não é perder tempo a identificar paralogismos em discussões conjugais e sofismas em conversas de café. Por isso acalmo-me e como também não sei distinguir um glóbulo vermelho de uma plaqueta, explico calmamente que uma falácia não é necessariamente uma mentira, mas um raciocínio erróneo e logicamente inconsistente que aparenta ter, para o ouvido destreinado, uma argumentação sustentada e válida. Acho que ela não me ouviu porque continua a vociferar: “Ele faz de propósito! Eu sei que ele faz de propósito!” Apanho a deixa e acrescento que as falácias que são cometidas involuntariamente designam-se por paralogismos e as que são produzidas de forma a confundir intencionalmente alguém numa discussão chamam-se sofismas. Ela continua a argumentar com base unicamente no que sente. E eu continuo somo se estivesse num teste oral: “Os argumentos falaciosos podem ter validade emocional, íntima, psicológica, mas são desprovidos de validade lógica”. Explico-lhe que é importante conhecer os tipos de falácia para evitar armadilhas lógicas na própria argumentação e para analisar a argumentação do seu-mais-que-tudo durante uma discussão. Depois decide contar-me a última discussão conjugal ao detalhe, expondo as fragilidades emocionais e de raciocínio de ambos em contexto de relação. Por momentos penso que tive menos intimidade com a maioria das raparigas com que fui para a cama. Enquanto solteirão inveterado devia ser poupado a isto. Mas os amigos são para estas ocasiões, por isso, com base nas discussões que me relatou, identifiquei três falácias recorrentes, que me aprontei a recordar-lhe e que partilho para todos os casadinhos deste mundo:

Derrapagem (bola de neve)

Para demonstrar que uma proposição é inaceitável, apontam-se consequências negativas dessa proposição e consequências das consequências. Mas as consequências são hipotéticas e de probabilidade pouco elevada. A falsidade de uma ou mais premissas é ocultada pelo operador proposicional “se... então...” que constitui o todo do argumento.

Exemplo teórico: Nunca deves jogar às cartas. Se começares a jogar às cartas verás que é difícil deixar o jogo. Em breve estarás a perder todo o teu dinheiro no jogo e, inclusivamente, podes virar-te para o crime e para as drogas para pagar as dívidas.

Exemplo empírico à Patife: "Ai, não. Se metes isso tudo dentro da minha coninha apertadinha vou ficar tão estragadinha da pachachinha que não vou conseguir voltar a pinar com outro homem ou vou ficar com a bocarra da chona tão lassa para o resto da vida que não volto a ter prazer sexual."

Na prática: Peguei, trinquei e meti-o na fresta. Riu-se e dei-lhe a volta à cabeça. Continua a ter prazer sexual com outros homens, porém não tanto como com o Patife.

Falso dilema

É dado um limitado número de opções (por norma duas), quando de facto há mais. O falso dilema é um uso ilegítimo do operador “ou”. Colocar as opiniões em termos de “ou sim ou sopas” gera, com frequência esta falácia.

Exemplo teórico: Ou concordas comigo ou não. (Porque se pode concordar parcialmente.)

Exemplo empírico à Patife: "Ou ela, ou eu!"

Na prática: Foram as duas nessa noite. E foram-se as duas nessa noite. Sempre juntas. Nunca uma ou outra.

Argumentum ad hominem

Ataca-se a pessoa que apresentou um argumento e não o argumento apresentado.

Exemplo teórico: Podes dizer que Deus não existe mas estás apenas a seguir a moda porque não tens opinião própria.

Exemplo empírico: "Tu não percebes nada porque só pensas em pinar!"

Na prática: Só é efectivamente uma falácia porque, apesar de grunho da picha, percebo muito disso do pinar. De tudo o resto, percebo muito pouco ou mesmo quase nada.

Diário de Bordas do Patife VI

16.03.21

Um dia do diário de bordas do Patife transcrito sem censuras, sem espartilhos dos bons-costumes, nem grilhões da consciência ou amarras da razão. Não será o medo da loucura que me fará arrear a bandeira do tesão. Hasteada na ponta mais alta do meu sardão.

11 de Março

Gostava que os maridões desta vida tivessem noção que a maioria das mulheres que pino é casada. No meio de tanto fornicanço, sou capaz de ser a pessoa mais honesta que já passou em todos os lençóis de esconjuro por onde já pinei. Pelo menos não estou a enganar ninguém, além de mim próprio. (Esta foi tão profunda, que cheguei mesmo a soltar uma pequenina lágrima de meita da gaita).

Hoje recebi uma mensagem de um engate e quase que fiquei com o sardão derretido. Enfim, um dia da caça, outro do caçador.

O apressado come cru. A apressada come no cu. Check.

A minha picha ajuda quem cedo madruga. E também acode quem pouco dorme.

Durante a semana recebi vários convites de fodas passadas para voltar a pinar. Mas fodas passadas não movem o meu moinho.

Esta serigaita só não tinha completamente ar de vaca porque ainda mantinha um certo ar juvenil e inocente. Por momentos fiquei a pensar na sorte da bezerra.

De boas intenções está a minha cama cheia. De meita também.

Este mês escrevi 174 vezes a palavra meita. Devo ter tanta cá dentro contida pela pandemia que me transborda ilegível pelos dedos e pela boca. Com tanta meita ainda inicio uma seita.

 

Da série “Diário de Bordas do Patife”:

Diário de Bordas do Patife I
Diário de Bordas do Patife II
Diário de Bordas do Patife III
Diário de Bordas do Patife IV
Diário de Bordas do Patife V