O Karma é fodido
Gosto muito de ouvir aspirantes a actrizes dizerem que sonham com Hollywood. O tiro sai-lhes sempre pela culatra e acabam por vir parar aqui ao meu Holy Wood, uma espécie de Pau Sagrado à portuguesa. Para consolo do falhanço artístico está aqui o meu bajolo. Não tenho culpa de ter uma picha hollywoodesca, capaz de efeitos cinematográficos dignos de um Aronofsky e com uma habilidade para surpreender com um plot twist só ao alcance do David Lynch. A verdade é que tenho este Karma e volta e meia cá cai uma mocita frustrada pelos seus sonhos de actriz universal terem ido parar ao boneco. O Karma reenvia-as para mim e assim o Pacheco vai parar às bonecas. É uma espécie de negócio que tenho com o Karma. Foi, por isso, com alguma estranheza que me deparei há uns anos com o interesse explícito de uma actriz semi-famosa numa festa privada. Os astros só podiam estar desalinhados, – ao contrário do meu mastro que está sempre alinhado - pois a moça tinha relativo sucesso em Hollywood e pelas leis cívicas e celestiais do Karma não me deveria calhar no pincel. Tenho para mim que o Pacheco é uma bênção e, tal como o Sol, quando nasce é para todas. Mas papar uma actriz conhecida é estar a desregrar o acordo kármico. É estar a interferir na ordem cósmica do universo fodengo. É estar a desafiar as leis da fortuna pachecal. Eis o dilema que se me deparou: papo a gaja, tenho com que me gabar durante os próximos três dias e aceito a possibilidade de uma redução drástica da minha vida sexual no futuro ou fecho os olhos, vou bater uma punheta punitiva e lamentar-me até aos últimos dias do infinito por ter deixado passar esta oportunidade? A situação era delicada e impunha-se uma destreza inigualável na habilidade de torcer o universo para a poder papar. Até porque havia partes do corpo daquela mulher que poderiam processar a Disneylândia por se auto-intitular o melhor parque de diversões do mundo. Por isso, ao abrigo da lei “O que não vês não existe”, invoquei a sabedoria literária do Nikolai Gogol e “de súbito, um denso nevoeiro cai sobre o momento e nada mais se saberá sobre o que aconteceu a seguir”.