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Fode Fode Patife

Fode Fode Patife

Montanha-Russa de Prazer

09.03.21

Pela primeira vez na minha vida, tive um micro segundo de lamento por não ter uma relação fixa. Para o espírito de marinheiro sexual que tem uma mulher, não em cada porto,mas em cada porta, esta coisa da pandemia não veio nada a calhar. Estando o Patife a seguir estoicamente as recomendações sociais para não contribuir para o expandir da pandemia, já não expando a picha desde março do ano passado. Um ano sem expansão marítimo-fálica por entre os oceanos de prazer de uma simples pachachinha. Por instantes, penso nos homens comprometidos enfiados em casa com as suas excelsas e dedicadas senhoras. Imagino a carga de bombada diária que devem ter para, em união profunda, aplacarem em uníssono as ansiedades pandémicas e libertarem as frustrações do corpo e da mente num carrossel de sexualidade extrema. Imagino que se vivesse com uma mulher durante estes tempos de pandemia, pinaria de manhã, fornicaria de tarde, prancharia de noite e enfardaria piqueniques de pachacha algures no nevoeiro da madrugada. É que está mesmo à mão de se mamar. Seria toda uma montanha-russa de prazeres terrenos. Imagino que os amantizados estejam a redescobrir os seus desejos, a ensaiar novas empatias e intimidades, a explorar novas emoções, a partilhar cumplicidades sexuais, a tactear as traquinices do cérebro e da chona em cenário de privação de outros prazeres.

Poderia eu estar a fazer isto tudo se tivesse uma relação. Mas assim, limito-me a tentar equilibrar-me no traiçoeiro trapézio do tempo.

Entre nós e as pinadas

06.03.21

Esta noite estava ter dificuldade em adormecer. Então pus-me a pensar nas quecas que dei. Foram tantas pachachinhas para pinar que nem sei se me desate a rir, se me ate a chorar. Foi então que me lembrei que se o Patife e o Mário Cesariny fossem um só, haviam de ter escrito todo um poemário de inigualável singularidade sexurrealista. E se o Patife e o Cesariny fossem um só, teriam criado coisinhas poéticas lindas assim:

 

Entre nós e as pinadas há metal fundente
entre nós e as pinadas há corpos que dançam
e podem dar-nos sorte, confortar-nos, tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo

entre nós e as pinadas há perfis ardentes
pinadas cheias de gente de costas
altos decotes venenosos, conas por abrir
e mamas e fellatios e esperanças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício

Ao longo da muralha onde fornicamos
há pinadas de vida, há pinadas de morte
há pinadas imensas, que esperam por nós
e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há pinadas acesas como faróis
e há pinadas intimamente imaginadas

pinadas que guardam
o seu segredo e a sua posição

Entre nós e as pinadas, surdamente,
as mãos e as paredes em tremor

E há pinadas nocturnas, pinadas gemidos
pinadas que nos sobem ilegíveis à boca
pinadas diamantes, pinadas nunca escritas
pinadas impossíveis de escrever
por não termos connosco conas de violinos
nem todo o desejo do mundo, nem todo o amplexo do ar

e os dedos dos amantes escrevem
no soerguer dos corpos semi-quentes na madrugada
como se tivessem dedos de palavras
ou palavras nas extremidades dos dedos
palavras sensuais, só sombra, só soluço
só espasmos, só ardor, só solidão desfeita

Entre nós e as pinadas, os empinados,
e entre nós e as pinadas, o nosso dever pinar.

O espelho da memória

04.03.21

O Patife estudou as leis da química e da física, perdeu a virgindade ainda novo com uma militar do sexo feminino, levou muitas palmadas, mas deu muitas mais. Vende fantasias avulsas, faz do sexo uma doutrina verbal e rega-se todas as manhãs com sujidade mental. O Patife é parvo e tem a mania de falar mais do que fode, o que é um sarilho porque fode muito. Não bebe água da torneira mas gosta que lhe mamem na mangueira, escreve como quem fode, deseja ser invisível e sabe que um dia será idolatrado por milhões de mulheres em todo o mundo. Apesar de parvo é culto e quando não está no meio de mulheres está no meio dos livros. Por isso tem o sonho de fazer um threesome com a Rachel Weisz e com a primeira edição de “Humano, Demasiado Humano, um Livro para Espíritos Livres” do Nietzsche.

Com a pandemia, resta-me partilhar a memória, o espelho onde recordo as pinadas épicas de outrora.

Cavalheiro do pinanço

03.11.18

Por vezes recebemos sinais muito evidentes que só conseguimos perceber depois da asneira feita. Esta achava que me conhecia de algum lado. Cismava e cismava que já tínhamos sido apresentados. "Foi naquele bar", dizia. "Aquele... ai, estou com o nome na ponta da língua...". Do momento em que estava com o nome na ponta da língua até ter lá a minha pichota foi um tirinho. Assim que entrámos na sua casa lançou-me para cima da cama, pronta para se lambuzar com o Pacheco, e pelo ar de sofreguidão brocheira que apresentava, acredito que marchava o Pacheco e mais um par de chotas. E foi quando estava entretido com o meu fellatiozinho, que reparei no estado gasto e decadente dos lençóis de cama. Não se convida ninguém para uma cambalhota épica com este enxoval de terceiro mundo. Sou um artista da pinada e preciso de condições. Pequenas coisas como uma má iluminação, um jogo de cama turco com borboto ou umas cuecas com o elástico lasso, são elementos capazes de colocar em risco uma prestação de nível cinematográfico, que é a isso que me proponho sempre. Como sei de antemão que não vamos voltar a pinar, pois "Uma vez é ocasional, duas é relacional", empresto uma vivacidade e autenticidade únicas, pois é um momento que não se vai voltar a repetir e quero que fiquem com uma memória histórica de uma queca digna de tela de cinema. Coisa impossível de atingir tendo como palco uns lençóis turcos de uma cor há muito levada pela voragem do tempo. Agora que penso nisso, devia ter percebido a dica de que me estava a meter em maus lençóis naquele preciso momento. É que sempre tive particular atenção à idade das mulheres que vou pinando. Se as mais novas são demasiado idealistas, as mais velhas são demasiado cínicas. É preciso articular cuidadosamente um meio termo. E descuidei-me com esta, pois tinha um corpo tão hipnotizante que mal liguei aos sinais de evidente tenra idade do seu rosto. É como diz o provérbio: "Rapariga nova é como o ananás. Em cima está verde, mas em baixo está capaz." 
Com o idealismo próprio da casa dos vintes a pulular hormonas acima, haviam de ver a batalha que tive de enfrentar para sair daquele redemoinho de lençóis ainda mais aviltante do que na hora em que entrei. Os lençóis devem facilmente ter triplicado os borbotos com a intensidade do esfreganço e até a cor parecia mais enfadonha depois de ter sido exposta ao meu ritmo frenético de bombada. Se bem que aquilo já nem sequer era cor. Aquilo era o máximo que a cor pode fazer quando quer renunciar a ser cor. E eu, que só queria entra nos meus lençóis de cetim francês, perfumados e sem uma única ruga de tecido. Mas não. Insistia que tinha de dormir lá, "aninhadinhos", que lhe devia isso depois dela me ter dado a cona. Ela não disse bem assim, mas estão a ver a ideia. Já idealizava novas pinadas completamente abismada com a quantidade de orgasmos que tinha tido. Parece que há meses que só apanhava tipos que se vinham antes dela atingir o clímax e agora, de papo-cheio, fazia planos de futuro sem pedir licença. Toma lá que é para aprenderes. Mas convenhamos. É o apanágio de ser um cavalheiro do pinanço. Nunca atiro o meu foguete antes da fresta.

 

Quem anda à vulva, molha-se

10.04.18

Esta estava sentada sozinha num restaurante a jantar, o que é praticamente o mesmo do que convidar-me a sentar. Estava entretida com os seus pensamentos enquanto comia uma broa de milho. Claro que por mim, sentava-me de pronto enquanto dizia em tom todo sedutor: “És podre de broa”. E depois ela achava graça e levava-me para casa. Claro que sei que isto só tem potencial de sucesso dentro do meu imaginário, por isso sentei-me suavemente e optei pela abordagem certa, correta e digna, dirigindo-lhe um elogio singelo mas pleno de significado, soltando assim en passant: “Sabes que és broa comó milho?” Pela primeira reação da mafarrica, agora penso que devia ter optado pela primeira abordagem. Mas entretanto já estava sentado, e antes que ela me mandasse embora, desatei a falar. Poucos minutos depois já estava enredada pela teia da minha conversa, que certamente lhe causa uma ligeira pocinha na cuequinha. Assim já quase a permitir um slide & splash à boca da cona. Mas depois detenho-me a pensar no Roland Barthes e no mito moderno da sedução, onde o caçador é que é seduzido, capturado e encantado pela imagem da presa, que capta a sua atenção. Há uma enorme equivalência entre o amor e a guerra, e nos dois trata-se de conquistar, de seduzir, de capturar. Cada vez que um sujeito cai de amores, retoma um pouco o tempo arcaico em que os homens deviam raptar a mulher (sempre passiva). Do modelo primitivo subsiste um vestígio público: aquele que foi seduzido é sempre "efeminado". Mas no mito atual, dá-se o contrário. O sedutor nada quer, nada faz; é imóvel e o caçador é que é o verdadeiro sujeito do rapto. Por esta altura já estou mais interessado em jogar a uma espécie de "Quem é Quem" deste jogo da sedução do que ir-lhe à pachacha. É que não aceito sentir-me uma presa desta porca da Brandoa. Uma coisa é conquistar o caminho para a pachacha de uma badalhoca dos subúrbios. É quase como que um desafio, ainda que bastante fácil. Outra é um gajo permitir-se ser caçado por uma. E o Patife não é fácil de sacar. Por isso aticei-lhe aqui o meu pilão de caça até a deixar sem dúvidas de quem tinha sido capturada, e deixei-a tão, mas tão excitada, que aquilo resultou numa avalanche orgástica de eleição. Mas que enxurrada de meita de gaja. Enfim… é a vida de caçador: Quem anda à vulva, molha-se.

A Coelhinha da Páscoa

02.04.18
Nos últimos tempos ando particularmente atento às roupas com padrões de animais estampados. Noto que um número crescente de mulheres desfila na rua armada em animal de caça, num apelo explícito ao engate e ao avanço de qualquer predador natural, que não resiste a qualquer padrão da savana. É quase um efeito hipnótico. Eu cá caço-as, mas é mera caça recreativa. Não quero ficar com elas e levá-las para casa. Depois de caçadas, solto-as de volta para o seu meio natural de idealismo. No entretanto, trato-as muito bem. Quando não me pedem que as trate mal. Ontem passei por uma a subir pelo Chiado que levou este carnaval social a outro nível. Bamboleava rua acima com uma lustrosa estola de coelho, o que atiçou a raposa predadora que habita em mim. Oh filha, mascaras-te de animal de caça e claro que vais avivar o predador aqui à espreita. Bem sei que estamos na Quaresma, por isso percebo bem a dica que ela me está a dar. Sou um tipo muito atento a estas pequenas indicações sociais. Por isso, fiz dela a minha Coelhinha da Páscoa. Passei o domingo a esfolar-lhe o folar. 

Camelo polar

20.03.18

Quando uma mulher se veste com padrões de animais estampados nas roupas, está a comunicar a sua vontade de ser caçada. É toda uma simbologia tácita que aqui o Patifedesvenda em três tempos. Quanto mais raro for o animal escolhido para padrão,maior o fervor de ser apanhada. E andam por aí, à solta, a exibir a sua disponibilidade para serem papadas pelo predador mais atento e eficaz, que normalmente sou eu. Este fim de semana, uma esteve a atiçar-me continuamente durante horas com uma camisa padrão de chita. Dali até casa dela era um instante, mas como desatou a chover apanhámos uma grande molha. Acho que foi a vez em que deixei uma mulher molhada mais depressa. Quando chegámos a casa dela, atirou-meuma toalha e uma t-shirt lavada e disse que se ia pôr “mais confortável”. Sei bem o conforto visual que normalmente esta expressão acaba por originar, com figurinos de rendas e lingeries provocadoras. E foi quando ela apareceu… de pijama polar. Assim a piscar o olho ao sexy-fofo, só que não. Eu sei que estamos no inverno. Sei que está frio. Mas esta transgressão do convívio sexualnão é aceitável. Até percebo os pijamas de tecido polar quando se é casado há 10 anos. Aliás, essa é uma das muitas razões para não querer casar. Por isso é que a minha relação mais longa dura o tempo exato de uma pinada. Inteira. E olhem que são maratonas da esfrega. Longas caminhadas do pinanço. Agora, quando na primeira noite me aparece de pijama polar, com as calças de pelinho a arrepanhar-lhe as bordas da cona, sou capaz de jurar que me saltou um globo ocular. É que um camel-toe polar é contra-natura. É uma transgressão da teoria da evolução das espécies. É estar a brincar com a ordem da natureza. Estive para me ir embora com a afronta, até porque não sou nenhum bicho-papão. Mas tenho uma picha-papona. Por isso não descansei enquanto não lhe tirei o camelo das bordas da chona.

A Tarzana

12.03.18
Esta tinha a mania que era selvagem. Um andar despudorado, uns cabelos pretos e revoltos, peito para a frente - coisa que me chamou particularmente a atenção e me fez de logo levantar o salpicão - dizia chamar-se Ana e que era muito diferente das outras que eu tinha conhecido. Não demorou muito para que na minha cabeça ficasse conhecida como a Tarzana. Tenho de arranjar múltiplos estratagemas para me lembrar dos nomes das moças que avio à berlaitada. A minha memória é coisa que não dá para nada. Claro que assim que lhe dei o epíteto de Tarzana, o meu imaginário começa a divagar e, enquanto ela fala de si, toda cheia de confiança, eu apenas a vejo a agarrar-se à minha liana cheia de convicção. Acto contínuo imaginário, estamos já numa orgia e ela anda a gritar como uma verdadeira Tarzana enquanto salta de liana em liana, até se fixar na minha grandiosa zarabatana. Uma das coisas que mais aprecio na minha imaginação é a arbitrariedade. Tanto pode num momento estar armada em amazona da goela a abocanhar-me a fartura, como no momento seguinte estar num bacanal de proporção épica, a foder sem qualquer ética. São estas pequenas coisas que me fazem entregar ao carácter inesgotável do murmúrio da imaginação. Claro que com tanta fixação pelo imaginário, nem reparei que a gaja era estrábica. E foi aí que uma dúvida inadiável me assolou. Será que “Tarzana” é agora o nome mais adequado para me lembrar desta mafarrica? Ou será que a devo memorizar como Cabra Cega? Como ela entretanto tirou as cuecas, a dúvida foi adiada para depois da selvajaria sexual a que a submeti. Foi até lhe endireitar o olho.

Havemos de fornicar juntos

08.03.18
Esta noite acordei com um pesadelo tenebroso. O José Luís Peixoto estava a editar os meus textos. Páginas e páginas com anotações repletas de candura, sonhos e ambições de amor eterno. Garanto-vos que acordei com urticária psicossomática e uma camada de nervos tão grande que a insónia se prolongou manhã adentro. Para me entreter, comecei a pensar que se o Patife editasse os textos do José Luís Peixoto, haviam de ter escrito textículos de profunda sensibilidade que se tornariam numa epopeia de exaltação nacional, envolta numa carapaça estilística mais dura que o meu bacamarte. E se o Patife editasse os textos do José Luís Peixoto, teriam saído coisinhas lindas assim:

Normalmente, toda a gente está demasiado preocupada em colocar a sua estaca na cliente seguinte, andam ansiosos, nervosos, têm medo que aquele que está à frente lhes leve os pares de mamas, têm medo de encontrar um vestígio daquele que chegou primeiro. Enquanto não lhes arrancam as cuecas e espetam a sua estaca, não descansam. Depois, não descansam também, inventam logo outras maneiras de entreter a doentia mente com quem pode vir a seguir a eles. É por isso que poucos chegam a aperceber-se de que a verdadeira imagem do fervor sexual acontece num momento muito bonito e delicado, naqueles breves segundos que antecedem o momento em que um gajo entra chona adentro.

As canções e os poemas ignoram isto. Elevam campos, abraços, passeios na praia, paisagens de falésias, emoções, estrelas no céu, paixões e trastes de guitarras, mas esse momento específico, com ela de cuecas no meio das pernas a tremelicar, tal a sofreguidão de o meter, que antecede o arrombar pela primeira vez de uma bardanasca é ignorado ostensivamente por todos os cantores e poetas românticos do mundo. Bem sei que no momento há a crueza das palmadas que se seguem, há o barulho infernal de quem está a levar uma bem dada, gemidos de “ai-ai-ai Patife que m´arrebentas as bordas da cona”, há o barulho dos meus taurinos tomates a embater nas sinuosas curvas das nádegas, arranhões e apertos, todo um manancial de ordinarice e devassidão na entrega momentânea, e a noção de que depois seremos dois estranhos que não voltarão a tocar-se. Mas tudo isto, à volta, num plano secundário, só deveria servir para elevar mais ainda a grandeza deste momento.

É muito fácil confundir uma queca banal com uma preciosa quando surgem simultâneas e quase sobrepostas. Essa é uma das mil razões que confirma a necessidade da experiência. Foder é muito diferente de ver foder ou imaginar foder. Pelos olhos, incendiados pela carícia da insónia, passam-nos as fodas que escolhemos uma a uma e os instantes futuros que tememos que se sucedessem se uma dessas escolhas se tornasse definitiva: quando a seguir ela estiver a tentar ligar sofregamente vezes sem conta, a perguntar por que não saímos novamente ou a querer saber “qual-foi-o-problema-parecia-estar-tudo-bem”, é que nos apercebemos que pinámos uma vez e agora parece que temos logo de ir tomar o pequeno-almoço, pôr roupa suja na máquina enquanto cantamos, lavar os dentes juntos refletidos pelo mesmo espelho enquanto a espuma escorre pelas beiças, em vez de estarem com a boca cheia da minha generosa meita, a comunicar por palavras de sílabas imperfeitas, como se tivessem ficado com uma deficiência na fala depois de ter o meu Pacheco na boca.

Ter alguém que saiba ter a nossa picha na boca é um descanso na alma. Essa tranquilidade faz falta, abranda a velocidade do tempo entre pinadas. É incompreensível que ninguém a cante.

As canções e os poemas de amor ignoram tanto acerca de pinar. Amor também é pinar por aí afora, sem freios nem espartilhos sociais, é brincar com a arbitrariedade e aprender com as pinadas menos boas. Talvez seja uma queca épica, talvez seja uma desgraça, não importa. Mamas são mamas e não haverá televisão alguma que me distraia daquilo. Se me virarem o rabo também serve. É essa a magia deste amor. Pelo caminho, vai-se pinando, e chega-se ao fim da vida a equilibrar uma torre de chonas aleatórias.

O drama das cuecas desirmanadas

05.03.18
Palavra de honra que odrama das meias desirmanadas é uma ninharia fútil quando comparado ao problemaque me assola há anos e que é verdadeiramente uma enorme dor de cabeça. É odrama das cuecas desirmanadas das donas, que me aflige. Tenho toda uma coleçãode cuequinhas lá em casa, que foram esquecidas, deixadas propositadamente paratrás, abandonadas à sua sorte, ou simplesmente desaparecidas em combate sexual.Por vezes penso que minha casa é uma espécie de triângulo das bermudas dascuecas. Assim que sai de perto da cona de sua dona, esconde-se num recantoqualquer da minha casa e por lá fica. A minha empregada é que as encontra,perdidas pelos cantos, todas amarfanhadas, certamente que a tentar voltar paracasa após uma noite bem passada, numa espécie de walk of shame da lingerie. Dantesdizia para ela as deixar dentro de um vaso transparente e vazio que por látenho, mas depois começaram a ser tantas cuecas desirmanadas das donas que o vasojá não dava conta do recado. O que é elucidativo de que eu dou conta do pecado. Há cuecas com rendas, cuecasasa delta, cuecas-fisga, de nylon, de lycra, de algodão felizmente não, cuecaslassas, de rendinhas, cuecas de todas as cores que possam imaginar, enfim,cuecas que são a memória viva das minhas quecas. Quis acabar com este drama eeste fim de semana, após encontrar mais uma cueca perdida pós-queca, decidi fazeruma máquina de cuecas desirmanadas para as entregar às respetivas chonas. Estãotodas lavadas e dobradas numa gaveta, prontinhas a entregar à pachacha que as abandonou.Depois do primeiro passo, tento estabelecer relações e recorrer à memória paraassociar caras às cuecas, mas o máximo que consigo é associar a cueca à cona deonde as tirei. Mas depois falha-me o passo de associar a cona à sua dona. Agoratenho toda uma coleção de cuecas desirmanadas e perfumadas sem saber a quem asdevolver. A próxima mafarrica que vier cá a casa pinar e no final não souberdas suas cuecas, vou sugerir que leve uma das cuecas desirmanadas, a ver se doucona disto. Pergunto-me se alguma ficará chateada…