A gargalhuda
03.06.10
Esta manhã acordei com um desejo inóspito de meter o pimpolho no primeiro entrefolho que me aparecesse à frente. É um desafio perigoso se pensarem bem, pois não podemos controlar a qualidade da marafona que nos surge em primeiro lugar diante da vista. Mas há dias em que um tipo deve ser fiel aos seus princípios e aos seus desejos. Além disso, como sempre segui a expressão a ocasião faz o tesão decidi lançar-me à berlaitada na primeira crica que me desse os bons-dias. Assim foi. Desço as escadas do meu terceiro andar sem elevador de olhos fechados para não trombar com a Dona Guilhermina, uma velha vizinha chata que tem todo o ar de ter cona de foca - com bigodes e a cheirar a peixe, portanto. Então lá fui descendo aos repelões e às apalpadelas, a agarrar tudo como se fossem as tetas da sueca do segundo direito, não fossem elas, quer dizer ela, aparecer pela escada e eu perder tal oportunidade mamaçal. Ainda nem tinha aberto a porta da rua e já estava a ouvir uma gargalhada feminina mesmo a passar em frente. Aquela mulher gargalhava como ninguém. Direi mesmo que tinha um bom gargalho. Já eu tenho algo foneticamente muito semelhante. Analisei, então, em breves segundos a gargalhada da gargalhuda e como fiquei com a pichota bem-disposta e com tusa continuei o movimento de saída. De facto a gargalhada era boa, mas a trenga não valia uma beata. Aliás, já conheci beatas mais apetitosas lá na terra da senhora minha mãe. Mas o Patife é um homem de palavra por isso levou a sua avante. Já ela levou com a minha por trás. Quando a vi ainda pensei o melhor é meter a viola no saco e ir para casa. O que, na verdade, foi mais ao menos o que aconteceu porque lhe meti o violão no papo. E fui para casa.