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Fode Fode Patife

Fode Fode Patife

Acender o bico

13.02.12
Está um frio de rachar e ainda melhor para as rachar. É por isso que me é impossível resistir a alguns apelos. Tal como todos os domingos, é sagrado que me ponha numa das esplanadas do Chiado a beber o meu conhaque (sim larguei o whisky há uns meses). Duas mesas à minha frente, uma mocita oferecida atreveu-se a arregaçar as mangas da camisola, imagine-se. É mais que certo que arregaçar as mangas em pleno Chiado é uma incitação óbvia para eu arregaçar o mangalho. Ainda se fosse Verão, poderia haver a dúvida se seria do calor, mas em pleno Inverno está bom de ver que gostas pouco, gostas. Sendo domingo, achei por bem não me sentar na mesa dela e desatar a dizer ordinarices embrulhadas em humor com um laçarote de charme. Por isso sentei-me na mesa dela e comecei a falar de cozinha. Isto porque ela estava a preparar-se para almoçar e à primeira garfada fez um esgar de desprazer gastronómico. Por isso avancei, afirmando que os cozinheiros amadores querem sempre fazer tudo depressa e depois não fica saboroso. Na cozinha, (tal como no cuzinho), é preciso ter paciência. É preciso levar o seu tempo para apurar. Se for à pressa tende a esturricar. (Tanto na cozinha como no cuzinho, sim. Quando era principiante esturriquei alguns assim). Começámos então a falar de cozinha e de cozinhados como quem, na verdade, falava de quecas. Senti-me bem por manter o nível, ainda que dissimulado, em dia sagrado. Gosto muito de fazer analogias com o acto de cozinhar. Até porque é sempre preciso acender o bico. Andámos neste jogo linguístico do toca e foge durante algum tempo. Mas estava bom de ver que a tarde iria acabar no jogo do toca e fode.

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