Bico d´obra
04.10.12
A semanapassada acordei com o desejo incessante de me mamarem no palhaço. São este tipode emoções que me garantem que não me tornei insensível, por isso sinto quetenho de seguir a sua natureza. É como se estivesse a jogar a um monopólio deemoções viciado que nunca me deixa voltar à chacha de partida mas que mecondena amiúde à Estação dos Bicos. Por isso, já mais à noitinha, lá fui eu auma danceteria a ver se arranjava um bico d´obra. Mas ca ganda regabofe depachacha que ia para ali. Numa noite normal teria ficado a pulular de excitaçãomas eu tinha uma missão. Naquela noite eu estava decidido a encontrar o SantoGraal das bocas de veludo. A Terra Prometida dos destinos fálicos. O Taj Mahal daarquitectura do abocanhamento. O problema é que enquanto ia fazendo prospecçãode mercado bebi uns copos a mais, o que é capaz de ter turvado o meudiscernimento. Isto porque depois de a ter levado para casa recordo-me de lheestar a dizer: Isso não é só meter a boca no trombone. Também é preciso sabersacar uma notas. Depressa desisti de fazer um enchido do seu esófago e tenteisalvar a noite. Virei-a de quatro e toma lá Pacheco. A julgar pela lassidãodaquelas bordas certamente que lhe carimbei o cartão de fodilhona frequente.