Bocantónio Gedeão
26.03.12
Este fim-de-semana aviei uma professora de filosofia que garantiu a pés juntos, e depois a pernas abertas, que a superior prestação do meu nabo dava azo a desmedidas considerações filosóficas. E depois ainda aventou umas quantas ideias mirabolantes sobre o imperativo categórico que é o Pacheco mas eu já só queria era dormir para descansar da maratona de sete horas de pinada. Por isso, adormeci a pensar que se o Bocage e o António Gedeão fossem um só, podiam ter criado uma obra poética categórica no panorama literário português ainda mais célebre que a Pedra Filosofal. E se o Bocage e o António Gedeão fossem um só teriam certamente criado coisinhas poéticas lindas assim:
Nabo Filosofal
Elas não sabem que o tesão
é uma constante da picha
tão comilona e decidida
que come uma chona qualquer,
como essa chona pardacenta
em que entro com grande avanço,
como um furacão nada manso
sem grandes sobressaltos,
numa gaja de saltos altos
em que as mamas se agitam,
como essas vozes que gritam
em pinadas de alegria.
Elas não sabem que o nabo
é hino, é espuma, é fermento,
bicho estouvado e sedento,
de focinho pontiagudo,
que espeta através de tudo
num perpétuo movimento.
Elas não sabem que o mastro
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
nabo erecto, imperial,
pináculo nabal,
contraponto, sinfonia,
em chona troiana ou grega faz magia,
que pina como malabarista,
vai ao fundo num instante,
bacamarte sempre errante
para o trepar só uma alpinista.
Elas não sabem, nem sonham,
que o tesão comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o nabo pula e avia
com fúria atrevida
entre as pernas de uma vadia.