Bocassoa
07.12.10
Nas últimas crónicas do Patife tenho lido alguns comentários a pedir-me um registo mais sério, mais sentido. O Patife já assumiu que tem a inteligência emocional de um biltre e o coração sentimental de um gnu - coisa só ao alcance de quem gosta muito de ir ao cu. Contudo, continua a haver por aí esse ímpio pensamento de que o Patife é um gajo sensível. O mesmo me aconteceu esta noite. Após uma queca épica que me deixou a ponta da pichota toda moída – muito por culpa da farfalheira da gaja que mais parecia palha-de-aço, coisa que eu não me importo desde que me mame no palhaço – começou a querer ver sentimentos no Patife. A essa moça, assim como a todos os leitores e leitoras de delicada sensibilidade que me impelem a contactar com os meus sentimentos, dedico este momento virado para coisas bonitas como a poesia. Por isso, assim como há uns meses acordei a pensar que se o Bocage e o Camões fossem um só haviam de ter saído pérolas literárias dignas de elevar a poesia nacional a um nível inigualável, hoje acordei a pensar o mesmo mas sobre o Bocage e o Pessoa. E se o Bocage e o Pessoa fossem um só teriam certamente criado coisinhas poéticas lindas assim:
Dizem que finjo ou minto
Em tudo o que sinto. Não.
Eu simplesmente afinfo
Com o sardalhão
Não uso o coração.
Tudo o que faço ou trespasso
É uma queca que nunca finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Mas a mamar é que és linda.
Por isso espeto no meio
E nem sequer olho a quem
Entalo com tal enleio,
Que a todas quero bem
Sentir? Sinta quem se vem!