Bocaverde
O Patife dá quecas impressionantes que facilmente resvalam para o campo do impressionismo. Talvez por isso tenha o recorrente sonho, que considero profundamente realista, de dar uma pinada impressionista em pleno monte Parnaso, na Antiga Grécia, um espaço consagrado a Apolo e às musas. Como ontem voltei a causar boa impressão na cama e meti uma imagem do monte Parnaso projectada sobre a parede, hoje acordei a pensar que se o Bocage e o Cesário Verde fossem um só haviam de ter saído preciosidades poéticas capazes de alterar o código genético do Parnasianismo nacional. E se o Bocage e o Cesário Verde fossem um só teriam certamente criado coisinhas poéticas lindas assim:
De tarde
Naquele piquenique de burguesas,
Houve uma boca simplesmente bela,
E que mesmo sem desmedidas grandezas,
Em todo o caso dava uma boa mamadela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Te ajoelhaste em grande fona,
Prontíssima a fazer-me um bico,
E mostraste o ramalhete rubro da tua chona.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós nos deitámos, inda o Sol se via;
E houve mamadas em grandes chavascos,
E o nabo demolhado em demasia.
Mas, todo púrpuro a sair da renda,
E pronto para uma grande maratona,
Foi o supremo encanto da merenda:
O ramalhete rubro da tua chona.