Eu dou-te a zona de conforto
23.01.12
A semana passada, só para variar, marquei consulta com uma psicóloga nova. Por vezes faço isto, como quem marca visitas a casas para venda quando não estão a pensar mudar de casa. É uma espécie de hobbie. Eu faço isso com psicólogos. Volta e meia marco uma consulta de terapia. Normalmente até escolho psicólogas. E invariavelmente são giras. Ou boas. Ninguém costuma marcar visitas a casas feias e a cair de velhas, pois não? Então não me critiquem. Já que é para estar 50 minutos a olhar para uma pessoa ao menos que tenha capacidades para me arrebitar o salpicão. Divirto-me muito com as novas psicólogas cheias de chavões e clichés, que me olham como se fosse um caso de fácil resolução. Esta teve falta de criatividade suficiente para me dizer que eu preciso de sair da minha zona de conforto. Eu dou-te a zona de conforto. Não percebo a obsessão de sair da zona de conforto. É como estar um gajo esparramado ao sol das caraíbas, rodeado de mulheres em bikinis reduzidos e mandarem-nos para o mar alto nadar com os tubarões. Não percebo a lógica: “Estás aí bem, é? É confortável? Então sai lá daí, seu hedonista, e toca a ir para uma zona de agressão andar ao papel para veres o que é bom para a tosse”. É francamente estúpido. É abertamente imbecil. Por isso, assim que ouvi a expressão zona de conforto levantei-me e saí para ir a uma festa. Não sei se já vos disse mas gosto muito de festas de ânus. Sobretudo quando me deixam partir o bolo. Todo.