Fazer das tipas coração
23.05.11
Há um gajo muito carroceiro dentro de mim. Os meus pais cedo se aperceberam disso e tais comportamentos não eram bem vistos na polida escola social em que o Patife cresceu. As boas notas serviam para serenar os ânimos mas também eram uma pedra no sapato. Enquanto me vaticinavam um futuro brilhante como neurologista, advogado ou empresário eu sonhava em trabalhar numa bomba de gasolina. É por isso muito comum, ainda hoje, o Patife terminar as pinadas com um mítico: Era para atestar, não era menina? Haviam de ver as caras que algumas fazem de papo cheio, imaginando-se um veículo automóvel. Sou eu com esta fixação de ser gasolineiro e o meu amigo Xerife com a profissão de sapateiro. Diz ele que tem o sonho de ser sapateiro para depois poder dizer com toda a propriedade às marmanjas que acaba de aviar: Agora que já te puxei o lustro vou dar à sola. Isto a propósito da mafarrica que ontem se aplicou no meu sardão. Após deixá-la devidamente atestada e, como gasolineiro experiente, rematar com um Cá está, nem saltou uma gotinha, a tipa surpreende-me com uma teoria absurda, coisa digna de psicóloga que, efectivamente, era: Ó Patife, a mim não me enganas tu. Só dizes essas coisas quando sentes que uma mulher se aproxima do teu coração, por defesa emocional. Aposto que já há por aí olhinhos a brilharem, ávidos de esperança, mas parem já com essa lamechice. Posso pinar a torto e a direito, ser embaixador da parvoíce e proporcionar a maior voltinha de carrossel sexual da vida de uma gaja. Mas há uma coisa que o Patife não faz: É fazer das tipas coração.