Piquenique de pachacha
09.05.11
A extensa equipa de terapeutas que me trata recomendou-me ir passar o fim-de-semana para o campo, isolado do ritmo urbano-caótico-depressivo que, dizem eles, me impele a só pensar em aviar pachacha a metro. Por isso lá fui, preparado para enfrentar 48 horas inteirinhas sem apelos sexuais. Estão certamente a ver o drama. Uma quinta isolada no meio de um monte alentejano, rodeada de uma vastidão de ervas daninhas, oliveiras e passarinhos a chilrear. Só de imaginar o cenário ia tendo um enfarte do miocárdio fálico. Até escolheram uma quinta com um caseiro macho, para não haver possibilidade de uma escapada nocturna. As primeiras horas foram passadas como um autêntico toxicodependente a ressacar: suores frios, o nabo a latejar e a gritar por uma pachachinha perdida algures num qualquer recanto da quinta, a vasculhar cada divisão da grande mansão na vã esperança de encontrar uma beata com cona que fosse, esquecida por ali. Nada. Completamente nada. Ainda encontrei uns vestígios de rasto de nhanha de chona, mas já não eram deste mês por isso não o segui. Tenho princípios. A fome do Pacheco não me deixou dormir e no domingo já estava à beira de um ataque de nervos. Telefonei ao chefe da equipa de terapeutas que me sugeriu ir dar um passeio ao ar livre, respirar fundo e essas mariquices anestésicas. Caminhei muito e passada uma hora olhei para cima da colina e vislumbrei uma multidão de moças, ali, soltas no campo. Ah ca ganda piquenique de pachacha. Certamente que o périplo por este deserto sexual estava a originar miragens, pensei. Ainda hoje não sei se aquilo foi tudo uma ilusão fruto da abstinência ou um oásis de chona para turistas. O certo é que da miragem à pinagem foram duas letras de distância.