Potencial Cabril
23.11.10
Adoro festas privadas. Têm todos os ingredientes para dar certo. As pessoas vão para um ambiente onde conhecem sempre alguém e bebem à vontade conduzidos pela falsa calma subconsciente de que em caso de beberem demais alguém toma conta delas. O curioso é que quase todos bebem demais e os que bebem de menos vão-se embora cedo. Por isso, as festas para o final ficam entregues à lei da parvoíce. E aí, o Patife dá cartas. Cheguei a esta festa já tarde e andei a cirandar de copo na mão a avaliar o PC do festim. Ora, como toda a gente sabe o PC - Potencial Cabril - é o índice mais importante a considerar numa festa e quanto mais alto este for mais possibilidades há de se acabar a noite a malhar forte e feio. Aquela festa estava a rebentar de Potencial Cabril, com um número bem considerável de mulheres sensuais, tesudas e com decotes a manifestar disponibilidade imediata. Foi por isso muito difícil aqui para o vosso amigo Patife decidir qual a iguaria mamaçal que iria petiscar. Por isso, por uma vez na vida decidi que iria ficar quieto e em vez de escolher a presa seria a presa a escolher-me. (Sim, acabou por ficar presa a meio da noite, mas isso são pormenores íntimos que um cavalheiro como eu não conta). E foi num momento em que estava a meter uma quiche na boca que ela apareceu, airosa e com um decote alarmante. Boa noite Patife... Está a gostar da quiche? Fui eu que fiz. Olhei para o relógio e como já tinha passado daquela hora em que nada de bom acontece, dando maior exuberância e naturalidade ao reino da parvoíce, não consegui resistir a responder: Muito boa. Confesso que não tenho dedo para a cozinha. Mas tenho dedo para o cuzinho. Ainda hoje sou atormentado pela expressão de terror da moça. Olhei para o relógio e afinal tinha visto mal as horas, muito por culpa do decote dela, por isso até teve o que mereceu. Aguardei mais uma hora e agora fui eu na sua direcção. Fui-me chegando devagarinho como quem não quer a cona e quando ela se virou disse-lhe: Desculpa o meu comportamento há pouco. Foi grosseiro. Mas para te compensar deixa-me agora compor-te o ramalhete. Voltou a franzir a cara mas de forma menos proeminente e desta vez respondeu: Estás a armar-te em carapau de corrida? Ao que o Patife replicou: Não. Mas tenho aqui um carapau de cu, querida.
Note to self: O irresistível apelo da parvoíce fonética será sempre o meu calcanhar de Aquiles.