Voz de cona rachada
18.11.10
Ontem quase me apaixonei. Não se pode ouvir uma voz intensa e sensual num momento desprevenido sem merdas destas acontecerem. Estava o Patife meio ensonado a telefonar para a secretária de um cliente importante para marcar uma reunião, quando ela atende com um arrebatador “boa tarde”. Boa tarde. Daqui fala o Patife e gostaria de falar com a Marlene (nome fictício), retorqui. Ao que ela me responde com a voz mais crepitante, sensual e desconcertante que alguma vez ouvi do lado de lá de um telefone: Sim senhor Patife, é a própria. Completamente atordoado e magnetizado pela inquietante musicalidade da sua voz apenas consegui disparar um: Ai é a própria? Na verdade preferia que fosse a próxima.... a passar-me pelos lençóis, claro. E foi mesmo. Ainda ficámos uns largos minutos ao telefone no clássico diálogo do “toma lá - dá cá”, que me deixou esperançado de a levar para o não menos clássico “toma lá – chupa cá”. É que aquela voz enfeitiçava como um pífaro melodioso que me encantou aqui a cobra zarolha. Esta começou logo a serpentear na direcção do telefone, tentando forçar a entrada no aparelho como se fosse possível chegar ao lado de lá. Não fosse a fina espessura do fio do telefone e a exagerada densidade do meu bacamarte e acredito que teria sido capaz. Mas adiante. Combinámos então beber um copo nesse final de tarde. Na verdade ela nem era assim tão boa mas eu tinha de foder aquela voz. Por isso fui impelido a passar a noite toda a meter o texugo na sua toca bocal, o que lhe deixou o esófago em ponto de abusado. Mas na manhã seguinte perdeu-se todo e qualquer encanto vocal. É que depois de tantas horas a abusar à bruta da boca da senhora, as suas cordas vocais devem ter ficado tão entrelaçadas que quando acordou e me deu os bons dias ela estava com uma voz de cona rachada.